domingo, 28 de abril de 2013

"A encenação do fim"


"Este ano, contrariando uma tendência dos últimos tempos, os jardins de São Bento e do Palácio de Belém estiveram encerrados no 25 de abril. O facto não teria particular relevância se não ocorresse num contexto de fechamento crescente da classe política e quando a crise de representação já há muito deixou de ser apenas um espectro a pairar sobre o regime. No dia em que se celebra a democracia, os portões das instituições fecham-se simbolicamente, por estarem em manutenção.
[...]

Até hoje, nunca tínhamos tido um Presidente da nossa República a desvalorizar de forma tão veemente as eleições, as escolhas políticas e o papel das divergências em democracia. Podemos discordar das opções programáticas dos outros, mas não podemos, em caso algum, condicionar a soberania popular conquistada há 39 anos. A mensagem foi clara: as eleições não interessam, o que conta é o cumprimento do memorando; as ideologias são perigosas, o que importa é o tratado orçamental. Que um dirigente partidário, oportunisticamente, faça um discurso desta natureza, é explicável. Que a mais alta figura do regime lhe dê peso institucional é um prenúncio de que nos aproximamos do fim."

Pedro Adão e Silva "A Encenação do Fim", Expresso

1 comentário:

  1. Querida Ariel,
    não vou por aí, acho que o Ocupante de Belém s+o quis dizer que os mandatos são para levar até ao fim, como sempre entendeu e anda no coelhogapareano raspanete relembrou. Mas se o PAeS tivesse razão, mais valeria dizer que a clarividência, embora tardia, acabou por chegar.

    Beijinho

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